O agronegócio brasileiro, um dos pilares da economia e referência mundial em produção e exportação, está passando por uma transformação profunda. E com isso, a adoção de tecnologias avançadas promete ganhos de produtividade, sustentabilidade e competitividade.
Por isso, neste artigo, você vai entender como as inovações digitais vêm remodelando o setor, quais são os benefícios reais e os desafios a serem superados.
O cenário atual e o impulso à tecnologia
Segundo uma pesquisa da Totvs com os gestores de empresas do setor, apenas 19% do agronegócio brasileiro atinge alto nível de maturidade tecnológica.
Apesar disso, o uso de sistemas de gestão e complementares já está disseminado: ou seja, mais de 84% utilizam sistemas para contratação de serviços, gestão de custos e mão de obra; e mais de 80% adotam soluções fitossanitárias (para controle de pragas).
Também, apenas 31% têm acesso a ferramentas como Inteligência Artificial (IA), portais agrícolas e telemetria.
Além disso, um estudo da Universidade de Brasília (UnB) aponta que mais de 95% dos produtores rurais utilizam algum tipo de tecnologia digital (desde softwares de fluxo de caixa até drones para mapeamento), embora desafios como a má qualidade da internet rural limitem avanços mais expressivos.
Principais tecnologias que transformam o campo
Agricultura de precisão, IoT e sensores
O uso de GPS, drones, sensores de solo e satélites permite a aplicação pontual de insumos, reduzindo custos e aumentando a produtividade. A Internet das Coisas (IoT) oferece dados em tempo real que alimentam decisões estratégicas.
Inteligência Artificial e big data
A análise de dados agrícolas com IA e machine learning proporciona previsões de safra, detecção de pragas e recomendações personalizadas por talhão.
No modelo Agro 5.0 (avançando além da Agricultura 4.0), o Brasil se destaca por integrar essas tecnologias com robótica e IA, impulsionadas por mais de 2 mil agtechs.
Startups e robótica – o papel das agtechs
O número de agtechs no Brasil cresceu quase 290% em cinco anos, alcançando 1.703 startups no fim de 2022. Isso reflete a presença de empresas desenvolvendo tecnologias aplicadas ao agronegócio.
Sustentabilidade por meio da integração (ILPF)
O sistema de Integração Lavoura – Pecuária – Floresta (ILPF), promovido pela Embrapa, tem se destacado em algumas propriedades. Em seus 7.500 hectares, eles conseguem abrigar 12 cabeças de gado por hectare, muito acima da média nacional (1 cabeça por hectare), melhorando a produtividade, diversificando receitas e reduzindo emissões de gases de efeito estufa.
Estima-se que dos 180 milhões de hectares de pastagem no Brasil, 20% estão gravemente degradados, e o ILPF tem potencial para recuperar cerca de 30 milhões de hectares.
Benefícios concretos e desafios
Produtividade e eficiência: máquinas inteligentes e sistemas de gestão reduzem a ociosidade, melhoram o uso de insumos e agilizam a tomada de decisão.
Sustentabilidade e rastreabilidade: drones e blockchain asseguram o uso racional de água, defensivos e promovem rastreabilidade completa da produção.
Desigualdade tecnológica: segundo dados, enquanto 58% das grandes empresas dispõem de sistemas em tempo real, apenas 36% das pequenas possuem esse nível de tecnologia.
Infraestrutura de conectividade: a falta de internet confiável em zonas rurais segue sendo um obstáculo crítico.
A tecnologia está transformando o agronegócio brasileiro em produtividade, sustentabilidade e modernização.
Contudo, os benefícios ainda são concentrados em grandes propriedades e regiões com infraestrutura adequada. Por isso, democratizar o acesso, investir em conectividade e capacitação são passos essenciais.
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